Minha prisão já fora mudada tantas vezes que o sol me perdeu e desenvolvi asas.
Minha morada encontra-se acima do chão por duas vezes, flutuando... Como minhas velhas penas.
Meu senhor aprisiona canários, e exibe sua chave dourada com orgulho e desdém, pois sabe que possue minha carne.
Os lobos abaixo de mim aguardam ansiosamente por minha soltura, mas sabem do impossível - meu cárcere é tão duradouro quanto as pequenas migalhas que recebem e saboream com louvor.
Não tenho paz, nem em meus pensamentos. Meu algoz transpôs os limites da alquimia e faz canários executarem melodias infinitamente belas - e mortalmente proibidas. Invadida em toda minha condição... Sem permissão ou piedade.
Liberdade é uma palavra doce... E duramente cruel.
Meu destino pode até estar selado, mas minha luta há de continuar, em sangue, veneno e fúria.